12.7.10

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Em busca da felicidade, um dia eu consegui encontrá-la.

Namoro de criança que perdurou por cinco anos. Primeiro beijo? Sentados na ponta da cama, encostados à parede, os lábios dele encostaram nos meus. Afinal, o primeiro beijo nunca se esquece. Éramos duas crianças felizes. O tempo passou, existiram momentos. Para ser sincera lembro-me de dias que me marcaram. Agora que falo nisso, lembro-me de mais momentos do que estava à espera. É fantástico como no dia-a-dia, essas lembranças não me ‘assombram’, não como se fosse mau se me recordasse, ia ser apenas doloroso. Muito doloroso.
Lembro-me que primeiro que a nossa relação fosse estável, ainda demorou um tempo. Eu? Eu era uma criança e qualquer motivo era razão mais que suficiente para acabar com ele, mas inevitavelmente no milésimo de segundo seguinte já estava eu arrependidíssima de o ter feito (oh como eu era viciada naquele rapaz…). Finalmente estabilizamos, acho que ambos crescemos enquanto pessoas e solidificamos sentimentos, amadurecemos ideias e fortalecemos o nosso sentimento.

Dia 12 de Agosto de 2005, no jardim de Santa Margarida, ele sentado, eu deitada com a cabeça sobre as pernas dele, víamos as estrelas, dizíamos coisas sem sentido. Não me lembro ao certo como aconteceu, já só me lembro de estar enrolada nos braços dele a beijá-lo e a implorar que nenhum dia tivesse que sair dali.


Passaram-se dois anos e nove meses. Não sei ao certo explicar o que aconteceu. Deixar de lhe dar o devido valor, sabia que não podia viver sem ele, mas via o copo meio vazio quando na verdade devia enxerga-lo meio cheio.
Planos destruídos, sonhos destruídos, que sentido faria agora a minha vida? Eu, a eterna romântica, eu que nunca vivera sozinha emocionalmente desde os meus treze anos de existência.


Afastámo-nos inevitavelmente, senti-me muito perdida no mundo. Era impossível ter que conviver o grande e único amor da minha vida. O grupo de amigos era o mesmo mas que direito tinha eu de lhe roubar o espaço de que ele tanto deveria precisar. Eu tinha sido a rosa com espinhos. Eu havia cravado uma faca no coração dele. Não poderia ser egoísta ao ponto de reclamar um lugar na vida dele, eu tinha terminado a nossa relação.


Em momentos de fraqueza emocional e tentação, estivemos juntos. Era claro que existia ainda qualquer coisa, a chama não tinha apagado, só havia enfraquecido. Foram dois anos de fuga e reencontros, sempre bastante emotivos. Onde andaria eu com a minha cabeça para não perceber do que certas pessoas me alertavam? Nunca pus de parte a hipótese de ceder ao sentimento, mas a verdade é que direito tinha eu? Era claro que ele retribuía o sentimento, mas eu não punha isso em hipótese quando reflectia sobre esse assunto. Mas e se ele estivesse predisposto a seguir a vida dele? Que direito tinha eu de destruir a força interior dele? Que direito tinha eu de destruir o que ele havia construído em todos os meses que estivemos afastados? E se tudo não passasse de um capricho meu? Preferia ter que viver com o meu sofrimento do que voltar a faze-lo reviver, talvez, a uma das piores fases da sua vida. No entanto fui a procura.
Aterrorizada. Ele tinha mandado ‘recado’ dizendo que não haveria qualquer tipo de hipóteses. Mas o meu coração batia mais forte, o meu estômago apertava, agonizava. Eu tinha ali perdido o que fora desde sempre a minha razão de viver, pelo menos até ao momento. Como viveria eu a partir daquele instante? Surgiram vários encontros e saídas com os amigos em comum. Sentia o olhar dele poisado em mim, mas seria de adoração? Ou seria de reprovação? Era ai que residia a minha dúvida. Eu fui em frente, fui condenada, fui tratada com frieza e indiferença, mas eu sentia. Algo me dizia para não desistir. Entre acções menos condignas, notei que algo havia mudado. Ele havia mudado. Não só ele. Eu também. A mudança dele não me deixava segura, no entanto, em tantos anos de relacionamento, pelo que eu tinha sido sempre criticada, estava diferente. Eu estava menos dura, menos indiferente, menos orgulhosa. Seria isso um ponto positivo? No meio de tantos erros seguidos, poderia esse factor amenizar a situação em que me encontrava?
Agora, voltamos para reescrever a nossa história de amor. A verdade é que ao mesmo tempo que me sinto flutuar entre sentimentos, momentos e sensações, também me sinto mais do que nunca com pés assentes na terra. Sinto-me capaz de enfrentar meio mundo. Sei que vou dar o meu melhor para reconstruir o que em tempos foi destruído por mim.

Foi-me concedida uma segunda oportunidade para fazer as coisas certas. Hoje em dia, não é só um de nós a lutar pela nossa relação, mas sim os dois.



Tudo faz bem mais sentido, agora, que te tenho ao meu lado.

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